Em alguns dias, o Brasil conhecerá seu próximo Presidente da República. Por enquanto, não se pode ter certeza de quem se sagrará vencedor do pleito, mas se pode ter certeza de uma coisa: da lição que o sistema de apuração de votos brasileiro dá ao mundo. A rápida e confiável apuração dos votos sempre é destaque internacional: do Washington Post dos EUA ao Le Figaro da França, do El Espectador da Colômbia até o The Guardian do Reino Unido. Todos comentam não só a intensidade da disputa que caracteriza essas eleições presidenciais, mas também as perspectivas para o futuro de uma das maiores democracias do planeta.
Foi em 2006, que o jornal The Economist criou o chamado “Democracy Index” ou Índice de Democracia, para avaliar o estado democrático em mais de 160 países. Os critérios utilizados levam em conta não apenas a participação política e liberdades civis, mas o processo eleitoral pluralista e o funcionamento dos governos. De todos os países analisados, há ao menos 22 que são considerados democracias plenas: nações em que liberdades políticas e civis são respeitadas e reforçadas por uma cultura geral que reitera os princípios democráticos. Dentre essas democracias, estão Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Islândia, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Uruguai, Áustria, Chile e Portugal.
Na sequência, estão as democracias imperfeitas: normalmente, aquelas nações em que o ideal democrático convive com resquícios de um passado autoritário, ou ainda ambientes em que as liberdades políticas e civis ainda estão em desenvolvimento. Para a The Economist, é com isso que o Brasil se enquadra – assim como a Índia, a Polônia, a Indonésia, o México, Hong Kong ou Cingapura.
A imperfeição da democracia brasileira, no entanto, não quer dizer que o processo eleitoral não é confiável. Quer dizer que a população como um todo ainda não influencia de forma direta as ações do governo, como ocorre nas democracias plenas. Se influenciássemos, por óbvio não teríamos um dos sistemas tributários mais injustos e exclusivos do mundo.
Sem dúvidas, o The Economist acertou, pois é certo que a nossa democracia é sim imperfeita: permite-se que poucos beneficiados sirvam-se do Estado ao invés de servirem a ele. Mas, se há algo que pode mudar esse cenário é justamente nosso exercício da cidadania, pelo voto consciente, pela luta cotidiana contra a corrupção e pela compreensão de que é da pluralidade de ideias que surge o novo, e não o inimigo.
*João Alfredo Lopes Nyegray, doutor e mestre em internacionalização e estratégia, especialista em Negócios Internacionais. Advogado, graduado em Relações Internacionais, é coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo. Instagram @janyegray
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