No Dia Mundial da Educação, celebrado em 28 de abril, a reflexão sobre a urgência de investir no conhecimento como motor de mudança social se torna ainda mais necessária. Em entrevista exclusiva, o advogado e líder social Renato Rocha analisa os desafios da educação no Brasil, fala sobre o papel transformador dos projetos sociais e reforça a necessidade de ações concretas para garantir que o direito à educação de qualidade se transforme em realidade para todos. Leia a entrevista completa e entenda por que educar é um ato de justiça social.



No dia 28 de abril, o mundo celebra o Dia Mundial da Educação, data que marca o compromisso assumido em 2000, no Fórum Mundial da Educação em Dakar, para promover a educação como direito universal e motor de desenvolvimento humano. 


Embora o Brasil tenha alcançado avanços significativos nas últimas décadas, como a redução do analfabetismo, o crescimento das matrículas em todos os níveis de ensino e a expansão do ensino médio integral, ainda enfrenta grandes desafios: desigualdades regionais, baixa qualidade do ensino em língua portuguesa e matemática, abandono escolar e redução no financiamento da educação básica.


O Relatório de Monitoramento Global da Educação 2024/2025 da UNESCO também alerta para a queda nos níveis de aprendizagem e a necessidade urgente de fortalecer lideranças educacionais e ampliar investimentos.


Diante desse cenário, ouvimos Renato Rocha, advogado, fundador do projeto Justiça Para Todos e do Instituto Mulheres em Ação, que acredita que a transformação social passa necessariamente pela democratização do conhecimento e pela valorização da dignidade humana.


Renato Rocha, advogado


CN: Qual a importância de celebrarmos o Dia Mundial da Educação, especialmente diante dos dados preocupantes sobre a educação no Brasil e no mundo?


RR: Celebrar o Dia Mundial da Educação é reconhecer que a educação é a chave para mudar realidades. Apesar dos avanços, como a redução do analfabetismo e o aumento das matrículas, os desafios ainda são enormes — e eles são agravados pela desigualdade social e regional, pela queda na qualidade do ensino e pela falta de investimentos. O Relatório da UNESCO reforça o que já vivenciamos no dia a dia: precisamos de um esforço conjunto, urgente e permanente para garantir que educação de qualidade chegue a todos. Educação é mais do que acesso à escola; é garantir aprendizagem efetiva, formação cidadã e oportunidade de futuro.


CN: Seus projetos, o Justiça Para Todos e o Instituto Mulheres em Ação, não são instituições de ensino formal, mas têm forte foco educativo. Como essas iniciativas contribuem para esse cenário?


RR: Acredito que educação vai além da sala de aula. No Justiça Para Todos, levamos informação jurídica de forma acessível às comunidades, orientando sobre direitos trabalhistas, previdenciários, administrativos. Isso é educação em direitos, é preparar as pessoas para viverem com mais autonomia e segurança. No Instituto Mulheres em Ação, oferecemos cursos de capacitação profissional e orientação jurídica gratuita, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade. Cada curso é uma chance de mudar a história de uma família. Esses projetos mostram que educar também é empoderar, é garantir que cada pessoa tenha as ferramentas para construir seu próprio caminho.


CN: O relatório da UNESCO enfatiza a necessidade de mais lideranças para apoiar a educação. Você acredita que projetos sociais como os seus têm um papel nessa formação?


RR: Sem dúvida. As lideranças comunitárias e sociais têm um papel fundamental. Precisamos de lideranças que entendam que o conhecimento é transformador e que a educação é responsabilidade de todos, governos, sociedade civil e setor privado. No Justiça Para Todos e no Mulheres em Ação, nós também formamos líderes: pessoas que passam a conhecer seus direitos, a participar ativamente das decisões da comunidade e a inspirar outros a buscarem seus sonhos. Essa corrente de transformação começa com educação.


CN: Hoje, 47% dos brasileiros consideram a educação ruim. Em sua visão, quais são os principais caminhos para mudar essa percepção?


RR: O primeiro passo é melhorar a qualidade do ensino, focando especialmente em língua portuguesa e matemática, que são a base para todo o resto. Também precisamos enfrentar as desigualdades regionais, garantir infraestrutura adequada, investir na formação dos professores e manter os jovens na escola, ampliando iniciativas como o ensino médio em tempo integral. Mas nada disso será possível sem aumento de investimentos e sem compromisso político real. Educação não é gasto; é investimento no futuro de um país mais justo e próspero.


CN: Para finalizar, qual mensagem o senhor deixaria neste Dia Mundial da Educação?


RR: Minha mensagem é de ação. A educação é um direito garantido pela Constituição, mas ainda é um sonho distante para milhões de brasileiros. Precisamos transformar esse sonho em realidade com políticas públicas eficazes, projetos sociais fortes e o envolvimento de toda a sociedade. Educar é libertar. E, como costumo dizer, a justiça só será plena quando cada brasileiro tiver acesso real ao conhecimento, à dignidade e às oportunidades que merece.